sexta-feira, 8 de julho de 2011

Eterno retorno

O que foi tornará a ser, o que foi feito se fará novamente; não há nada novo debaixo do sol.” – Eclesiastes 1:9 (autoria de Salomão)

O conceito de eterno retorno propõe uma repetição cíclica de fatos, de dores, prazeres, dificuldades e desafios. Tudo de grande e pequeno, profundo ou insignificante na vida e no mundo se repete para sempre, ordenadamente e continuamente.

Foi elaborado por Nietzsche, aparecendo pequenas pistas do que é o eterno retorno em várias de suas obras (como em "Assim Falou Zaratustra" e "Além do Bem e do Mal"), mais foi em A Gaia Ciência que temos uma explicação melhor dela:

E se um dia ou uma noite um demônio se esgueirasse em tua mais solitária solidão e te dissesse: “Esta vida, assim como tu vives agora e como a viveste, terás de vivê-la ainda uma vez e ainda inúmeras vezes: e não haverá nela nada de novo, cada dor e cada prazer e cada pensamento e suspiro e tudo o que há de indivisivelmente pequeno e de grande em tua vida há de te retornar, e tudo na mesma ordem e seqüência – e do mesmo modo esta aranha e este luar entre as árvores, e do mesmo modo este instante e eu próprio. A eterna ampulheta da existência será sempre virada outra vez – e tu com ela, poeirinha da poeira!“ Não te lançarias ao chão e rangerias os dentes e amaldiçoarias o demônio que te falasses assim? Ou viveste alguma vez um instante descomunal, em que lhe responderías: “Tu és um deus e nunca ouvi nada mais divino!” Se esse pensamento adquirisse poder sobre ti, assim como tu és, ele te transformaria e talvez te triturasse: a pergunta diante de tudo e de cada coisa: “Quero isto ainda uma vez e inúmeras vezes?” pesaria como o mais pesado dos pesos sobre o teu agir! Ou, então, como terias de ficar de bem contigo e mesmo com a vida, para não desejar nada mais do que essa última, eterna confirmação e chancela?

O eterno retorno dá uma perfeita noção de tempo cíclico; uma estrutura temporal com detalhes como começo, meio e fim ou como a transição de uma estação para outra.

Mudanças no mundo; destruição e criação; elementos da história como revoluções, guerras, epidemias e acontecimentos mundanos seriam para Nietzsche parte de algo que sempre se repetiu e sempre se repetirá; sendo este um princípio universal de eterna repetição dos fatores um fundamental princípio fundamental de tudo.

Nietzsche com isso questiona a ordem natural das coisas. Diz a realidade não é feito por pólos inconciliáveis, e sim uma instância única. O bem e o mal, sofrimento, prazer e angústia, por exemplo, seriam elementos complementares e instáveis.  Conclui então que veremos sempre os mesmos fatos repetirem indefinidamente.

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