terça-feira, 17 de maio de 2011

Culto à Orfeu

O orfismo foi um modelo de pensamento do mundo grego antigo, inspirado no exemplo e mito de Orfeu, ícone e referencial desse modelo de pensamento. Foi uma religião, porém, repleta de filosofia.

Era diferente da religião popular grega, o politeísmo deles, qual conhecemos suas crenças através da mitologia grega. Embora diferente ideologicamente e em ritualística, acreditava nos mesmos deuses.
Possuiu influência na filosofia grega, tanto que Eurípedes, Heródoto, Aristófanes, Platão e Aristóteles deixaram escritos dissertando sobre o movimento órfico. [Inclusive a tese da encarnação elaborada por Platão é inspirada na órfica.]

Defendia a imortalidade espiritual e uma eterna felicidade pós-vida, porém, somente depois de uma série de reencarnações, um círculo penoso qual os humanos são presos até obterem esclarecimento (semelhante ao pensamento de religiões orientais).

A concepção da alma humana para os gregos se inspirava na de Homero, qual após a morte a existência perdia seu valor, se perdendo no Hades (praticamente uma extinção total do ser). Para o orfismo ela é a essência da existência, e não a vida terrena.

O reconhecimento dessa verdade e a vida ascética fazia o homem quebrar o ciclo penoso das reencarnações, dando tranquilidade ao espírito.
 
Ascese, a renúncia de prazeres e necessidades supérfluas, foi fundamental para a ética órfica. O desapego aos desejos profano a pessoa enxergar os enganos e problemas da vida, a fazendo trilhar uma vida digna de eterno repouso.
 
Características da alma humana para o orfismo:
• No homem há um princípio divino, uma alma que caiu em um corpo para corrigir uma imperfeição.
• Essa alma não só preexiste ao corpo como também sobrevive a ele, estando destinada a reencarnar em corpos sucessivos até que consiga depurar-se das imperfeições e dos erros que a fazem voltar ao mundo.
• Com suas práticas e ritos simbólicos, o orfismo buscava despertar no homem a compreensão destas verdades, ajudando-o a tomar consciência do que e quem ele é, e motivando-o a tomar ânimo para ter o total controle de sua vida, aperfeiçoando-se e pondo fim ao ciclo das reencarnações (temos aqui, de alguma forma, um eco dos ensinos budistas).

Acreditava que a essência humana era divida, de modo geral, dando a mensagem que somos deuses e devemos voltar à estar entre os mesmos.

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