sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Condenados a sermos livres

"O homem é condenado a ser livre." - Sartre

A liberdade é um conceito muito amplo, de uma gama de definições, na filosofia inclusive. O que sabemos sobre ela é que a liberdade é uma condição de despreocupação e total livre-arbítrio, ao menos em teoria. A liberdade seria algo absoluto, ou um jogo de forças maiores está sob ela ou nossa liberdade se faz dentro de certas circunstâncias?

A começar pelo filósofo Jean-Paul Sartre, que em sua obra "O Ser e o Nada" concebe a idéia de liberdade como a escolha incondicional que o próprio indivíduo faz de sua vida e de sua existência. Mesmo quando o ser julga estar sob o poder de forças exteriores grandiosas e poderosas do que nossa vontade, esse julgar é uma decisão livre, pois outras pessoas na mesma situação podem muito bem não se curvar e nem se resignar para essas forças. A liberdade é então algo que mesmo se for involuntário ela se torna absoluta para todos, logo, todos somos condenados a sermos livres.

Nietzsche firmava a liberdade como algo condicional. O homem é livre, desde que sua vontade esteja de acordo com a realidade, como exemplo, de que ninguém pode fazer alguma coisa se ela não pode (como condições fora de seu controle que não permitam tal realização). A vida segundo esse filósofo é um jogo de forças; concentrar e afirmar a vida são os dois meios para se ser livre, em outras palavras, aceitá-la. A liberdade pode ser aproveitada quando a vontade do individuo consegue ser feita de acordo com as condições exteriores ao mesmo, ou à elas se adaptar.

A liberdade seria uma dádiva dada aos seres como uma reivindicação de seu direito de escolha ou será que tudo deve seguir uma incompreensivel ordem natural? A liberdade significa alguma coisa ou é algo em vão, não havendo propósito?

Se somos livres, mesmo que predeterminados para alguma coisa, podemos influenciar em alguma forma o rumo dos acontecimentos. Se nada que acontece possui sentido mais profundo, então a a liberdade é o que faz o ser buscar viver.

O ego de Narciso

A história clássica de uma pessoa que se admirava, contemplava sua imagem até demais, e isso fez com que ela se arruinasse.

Narciso vivia em Téspias, na região da Beócia. Era filho do deus rio Cefiso e da ninfa Liríope. Antes de nascer, seus pais consultaram o oráculo Tirésias para saberem a respeito do destino do filho. Ele disse que o rapaz teria uma vida longa, com uma condição: Jamais admirar o próprio rosto.

Se tornou um homem belo e atraente, e quando adulto passou a ser desejado por todas as mulheres e pelas ninfas. O infortúnio para elas é que Narciso não tinha interesse em nenhuma delas, pois não julgava nenhuma merecedora de seu amor, e certo dia, por ato de curiosidade, admirou o próprio reflexo pela primeira vez nas águas de um rio. Viu que era dotado de grande beleza, e se apaixonou pela própria imagem.

Nenhuma de suas admiradoras chamavam a atenção dele, todas apaixonadas por ele. Uma das mais apaixonadas, ou se não mais fascinada de todas, era a ninfa Eco, que não aceitou a indiferença de Narciso, ficando seriamente magoada com sua rejeição. Suas admiradoras rezavam aos deuses para serem vingadas e darem uma lição no jovem Narciso.

Nêmesis se apiedou das moças apaixonadas e induziu Narciso a se admirar numa fonte depois de um dia de caça caloroso. Ele foi beber água, e como a água da fonte refletia sua imagem, ele se admirou. Só no meio desse momento que Narciso contemplava a própria face, ele acabou se afogando e morreu.

O mito de Narciso remonta a tradição grega de que idolatrar a própria imagem leva a queda do admirador, ou seja, o declínio da pessoa. A lição de moral seria uma advertência quanto ao exagero no amor próprio, no ego, no orgulho. Uma adoração descomunal a própria imagem, segundo os gregos, fariam a pessoa que assim sente por si ao destino infortúnio e trágico um dia.

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Os fundamentos da ciência

A ciência é o meio objetivo e analítico de se compreender o mundo. Ela se enfoca em dar resultados objetivos e exatos para os acontecimentos e fatores dos fenômenos, se tendo todo um estudo e metedologia por trás das ciências.

Acontece que a ciência foi evoluindo ao longo de sua história. Ela sempre foi algo que buscou compreender os fenômenos, os seres, os acontecimentos, mais por formas diferentes. Ela foi originalmente contemplativa, buscava conhecer a natureza mais a admirando, de certa forma se reconhecendo como abaixo dela.

O caráter contemplativo da ciência remonta desde Aristóteles ou até pensadores antes deste, como os pré-socráticos. A filosofia e a ciência ainda não eram instâncias distintas, então, a ciência possuia uma natureza de admirar a natureza, e conhece-la consintia apenas em se ter conhecimento de seus fenômenos e causas.

Com o tempo, o homem não se viu mais como apenas parte da natureza, e passou a ver que se a conhecesse poderia manipular a natureza. A partir daí a ciência passa de contemplativa para operativa. A ciência se separa da filosofia, pois agora ela tem o fim de intervir, manipular e interagir na natureza, se tendo meios para isso com formulações matemáticas e o engenho de explorá-la. Alguns célebres pensadores influentes nesse contexto foram Galileu Galilei, Isaac Newton, Robert Boyle e Francis Bacon.

domingo, 9 de outubro de 2011

Tudo se transforma

"Na Natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma." - Antoine Lavoisier

A famosa frase acima de caráter da ciência química possui interpretação filosófica. Como podemos ver, nada se mantem igual para sempre. Tudo parece estar fadado à um devir inacabável.

Tudo muda, mesmo que essa mudança seja uma mudança mínima e insignificante ou até algo mais grandioso. Continuam de alguma forma sendo elas mesmas, embora sobre outra forma, estado ou condição. Devir é o processo que todas as coisas passam, qual nele tudo muda, não importando em que escala ou detalhes.

Os pré-socráticos, filósofos que adotavam o devir como maior princípio de seus respectivos pensamentos, firmavam que nada é o que é para sempre. Heráclito de Éfeso faz a analogia de que ninguém passa por um mesmo rio duas vezes: O rio quanto localização pode até ser o mesmo, mais as águas que correm por ele já não serão as mesmas. Nem mesmo uma verdade poderia existir com isto, pois ela estaria sujeita a se transformar, como sempre aconteceu e sempre acontecerá; e o devir então seria uma verdade, pois o movimento retilíneo das mudanças é algo perpétuo, imortal.

Tudo é devir, e tudo e qualquer coisa é sujeita a transformação. Assim como alguém que muda de residência, uma substância que muda de estado físico ou qualquer transição que o tempo faça é uma prova que nada jamais será alguma coisa para sempre.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

A evolução da lógica

A lógica é uma área do conhecimento que tem como objetivo determinar qual meio é correto e qual não é dentro de procedimentos de como conhecer e concluir métodos válidos para se chegar a uma forma eficaz de se pensar.

Essa ciência formal é significativa para a filosofia pois com a lógica se formula raciocínios que levam aos resultados desejados, pensamentos verdadeiros, o objetivo de toda filosofia e qualquer filósofo.

Na história da lógica existe a divisão entre lógica aristotélica (ou clássica, fundamentada por Aristóteles, como o próprio nome indica) e a lógica moderna (desenvolvida a partir do século XIX, com precisão matemática).

Os fundamentos da lógica clássica se encontram no Organon, um conjunto de escritos de Aristóteles. Sua lógica consistia em uma “divisão anatômica” das premissas, as considerando por termos, proposições e relacionando-as fazendo conclusões meio o silogismo. Seguindo os princípios lógicos aristotélicos se formava a lógica tradicional.

A lógica aristotélica passou a ser substituída pela construção da lógica moderna. Embora a fundamentação lógica aristotélica ainda tenha presença na lógica moderna, a mesma se enfocou na objetividade matemática, que consiste em uso de peculiaridade algébrica em meios as operações lógicas. Historicamente é atribuído a Descartes e Leibniz por serem os primeiros filósofos a usarem essa técnica, mais ela teve mais repartição com filósofos mais presentes, como Edmund Husserl, Bertrand Russell, Ludwig Wittgenstein e Gottlob Frege.

A lógica não mudou seu fim de se concluir um meio adequado a operação racional, apenas foi reformulando sua metodologia.

domingo, 2 de outubro de 2011

O suicídio

"O suicídio é todo o caso de morte que resulta direta ou indiretamente de um ato positivo ou negativo praticado pela própria vítima, ato que a vítima sabia dever produzir este resultado." - Émile Durkheim

Uma questão que todo ser vivente pelo menos uma vez já pensou é sobre o significado da vida, e se ela vale a pena ser vivida. Se a vida não tem significado, o que resta para quem vive ter motivo para viver? Se uma vida não vale à pena, o que torna justificável ou não o direito da pessoa cometer suicídio?

Fatores que levam ao suicídio normalmente são “dores da vida”, como falta de significado por decepções e sofrimentos emocionais e outros tipos de problema, qual o suicídio seria a solução para esses problemas. Seria um escapismo existencial, uma negação da vida e suas dores.

A questão do suicídio pode ser bem respondida amplamente pela filosofia. A começar pelos existencialistas, que possuem diversos argumentos a respeito do suicídio, como Albert Camus, que embora o suicídio seja uma forma de dar fim a vida pelo reconhecimento da falta de sentido nela, tirar a própria vida não é vantajoso, sendo que o individuo pode procurar uma motivação de viver. Sartre mostrava uma postura contra o suicídio, por ser um ato que destrói todo o futuro de quem o comete e um mau uso de sua liberdade. Seria um ódio a si mesmo, uma negação irracional de ser.

Platão considerou o suicídio uma "covardia viril e preguiçosa", uma negligência perante a vida e ao ser. Kant dizia que o suicida deve pensar quanto a se matar, pois não seria ético ele apenas estar se importando consigo mesmo. Hobbes firmava que é natural do ser humano a vontade de viver e desejar a felicidade para serem inspirados a viver, e o suicídio nesse contexto seria algo imoral e errado.

Entretanto, há filósofos que defendem o que é chamado de "direito de morrer", qual a escolha de viver ou morrer cabe ao indivíduo. Só porque a pessoa pode viver não significa que em certos casos, como as que possuem doenças incuráveis ou uma angústia muito grande, devam viver e com isso prolongarem seu sofrimento. Essa postura mostra-se tanto uma indiferença como ir a favor do suicídio. Hume é um exemplo de filósofo que defendia o direito de morrer.

Os estóicos consideravam errado o suicídio por uma causa "covarde", mais sustentavam ao mesmo tempo a idéia de morrer pelas próprias mãos é opcional, sendo inclusive melhor e mais correto cometer suicídio do que continuar a continuar vivendo uma vida miserável e assim prolongar a agonia. Confúcio também era pró-suicídio nas condições morais, onde tirar a vida seria um sinal de evitar desonra ao cometer certa postura que em sentido ético e moral é inadequado e vergonhoso. Seus ideais de honra, lealdade e auto-sacrifício encorajariam o suicídio altruísta.

O sociólogo francês Émile Durkheim chegou a escrever um livro que tratava sobre o tema, “O Suicídio”, publicado em 1897. Nesta obra ele fez considerações do suicídio ao âmbito social, fazendo análises sociais que levem ao suicídio.

Estudou as ligações entre os indivíduos e a sociedade e que relações o levariam ao suicídio. Considerou várias coisas, como o meio social onde se faz presente e como nele se integra, fatores integrados culturalmente como religião (sendo que no livro Durkheim fez comparação dentre meios católicos e protestantes, qual firmou que as taxas de suicídio nos lugares predominantes protestantes era maior) e o conceito de anomia. Anomia é traduzida como uma perda de identidade, uma ruptura com valores sociais. Seria um sinônimo de apatia do individuo socialmente quanto a viver, o que poderia, por exemplo, o levar as drogas, isolamento e depressão.

sábado, 1 de outubro de 2011

Filosofia do Oriente Médio

No Oriente Médio, local próximo ao ocidente e o oriente, teve também muitos pensadores que podemos citar como filósofos. Apesar de poder ser considerados como filósofos orientais por não apartarem pensamento filosófico do mítico, eles tiveram certo contato com o pensamento ocidental, que seria o grego, coisa que os indianos e chineses não tiveram.

A começar por personagens presentes num livro bem presente na vida de até quem é leigo em filosofia, a Bíblia, em especial o Velho Testamento. Nesse contexto encontramos os profetas hebreus, homens escolhidos por Deus para transmitirem sua palavra para o tempo presente deles. Alguns deles podemos considerar filósofos, sendo os profetas Ezequiel, Elias, Jeremias e Isaías.

Fora eles, os vestígios de filosofia que podemos encontrar dentre os hebreus são outros trechos de teor filosófico em toda sua religiosidade junto ao Talmude, onde além de preceitos cerimoniais podemos encontrar lições morais, jurídicas e teológicas.

A partir de Jesus Cristo e com a diáspora do povo hebreu, o pensamento hebreu começa a ter certas influências ocidentais, como o pensamento platônico-aristotélico. Em Cristo isso é mais notório, sendo que seus ensinamentos foram à base do apóstolo Paulo de Tarso e mais tarde da patrística (com Agostinho de Hipona como seu expoente) e a escolástica (com Tomás de Aquino como maior representante), ambas conciliando princípios cristãos com a filosofia ocidental.

O mesmo acontece com Maomé, que embora seu pensamento e teologia tenham inspirado uma religião, o islã, a filosofia islâmica futuramente seguiria influências ocidentais, mais em especial de Aristóteles.

Acontece que não só os hebreus foram os únicos a ter certa atividade filosófica no Oriente Médio; os persas também tiveram. Acontece que na Pérsia ela teve apenas Zaratustra como filósofo, e suas idéias se dividem tanto entre filosofia como na mitologia e religião de seu povo. Pode-se encontrar sua filosofia nos Gathas.

Outra fonte de filosofia nesta região é acreditada ter vindo dos babilônicos, cuja sabedoria daquela civilização é contada por ter sido uma das bases para o desenvolvimento filosófico de Tales de Mileto, o "pai" da filosofia ocidental.

A caracterização de não separação de religião e filosofia é o que mais caracteriza o pensamento oriental, embora os hebreus e persas tenham dado como fundamento de seu pensamento a fé, e não a intuição, como fizeram os indianos e os chineses; ou a razão, como fizeram os ocidentais.