domingo, 28 de agosto de 2011

Divisão da consciência

A psicologia divide o nosso aparelho psíquico. Embora o termo “aparelho psíquico” seja usado por Freud, podemos dizer que no outro lado da moeda, Jung, também possui um modelo da “anatomia” do psicológico.

Em psicanálise, que segue os princípios freudianos, dividindo nossa consciência em id, ego e superego; que seria nosso lado instintivo primitivo, a instância potencialmente consciente e nosso controle regido por normas exteriores a nós. Deu importância para as experiências no passado do indivíduo, principalmente traumas e problemas não superados da infância, como a relação que as crianças acabam tendo seus progenitores do sexo oposto por meio o Complexo de Édipo.

A psicologia analítica, que tem base jungiana, também possui seus fundamentos. Divide nossa consciência em:
Persona: Função psíquica voltada ao mundo externo, a relação do individuo com tudo aquilo exterior a ele.
Sizígia: Princípio de alteridade em nossa consciência, a imagem do sexo oposto contida na consciência de uma pessoa. Existem duas formas de sizígia; a anima (imagem da mulher presente na psique masculina) e animus (imagem do homem contida na psique feminina).
Sombra: Nossos impulsos, instintos primitivos e “animalescos” do ser humano; o nosso elo com nossos antepassados de tempos até mesmo imemoriáveis, contida na sombra então nossos desejos, vontades e o lado selvagem do ser humano.
Self: É o “si mesmo”, sendo esta o centro da personalidade. Integra e equilibra todo nosso inconsciente; seria então a consciência de “si mesmo”.

Os valores da psicologia jungiana trata de imagens primordiais contidas na mente humana, esses modelos sendo os arquétipos, que constituem os pensamentos e sentimentos mais gerais e profundos da humanidade. Um arquétipo por exemplo não nos dá a nossa noção do que é nosso pai ou nossa mãe, e sim, a noção de pai e mãe. O comportamento humano então se basearia num caráter impessoal, diferente do pensamento freudiano.

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

A negação do prazer

Se analisarmos, a ética começou a surgir quando o ser humano teve necessidade de se censurar para viver em sociedade como a conhecemos. A repressão de seus instintos então se torna necessário para manter a civilidade humana.

Sigmund Freud dizia que a história social do ser humano é a história de sua repressão, do combate aos instintos e prazeres hedônicos em troca do trabalho e sacrifícios estabelecidos por valores construídos por normas coletivas. O ser humano então troca o princípio do prazer pelo princípio da realidade, qual sem ele não seria possível viver em sociedade.

O princípio do prazer faz parte do id, aquele que faz a pessoa buscar aquilo que a traga satisfação própria sem se restringir com normas sociais, fazendo o mesmo a qualquer custo. Já o princípio da realidade está vinculado ao superego, que contrabalança as vontades pessoais e necessidades imediatas do indivíduo, por ter consciência da realidade externa e as condições nela presentes.

O filósofo e sociólogo alemão Herbert Marcuse concorda a princípio com Freud. Porém, ele discorda de que essa renúncia ao prazer ao favor da civilidade seja da condição humana, firmando que estas imposições são frutos de uma organização histórico-social particular e não um conflito conatural do ser humano.

domingo, 21 de agosto de 2011

Colha o dia

"Aproveita o dia de hoje, muito pouco acredita no que virá." – Horácio

A popular expressão Carpe diem (que em latim significa “colha/aproveite o dia”) é popularmente usada como palavra-chave para as pessoas aproveitarem a vida, apenas a abraçarem e fazer isso

No poema Odes, do romano Horácio, é que esse termo se originou. Se encontra num contexto ético da história, firmando se aproveitar o tempo limitado de nossa existência vívida nos ocupando com algo produtivo e útil. Também visa à satisfação, desde que esta não esteja acima da moderação.

Se assemelha e muito com o pensamento epicurista e estóico sobre como se aproveitar a vida, relacionando o contento na vida com a felicidade. Epicuro visava à busca pelo prazer, a felicidade, realização, o aproveitamento da vida e o que de bom ela pode oferecer. Embora Epicuro também censurasse essa busca pelo prazer com o bom senso e temperança, os estóicos consideravam que a aceitação da vida seria a forma de aproveitá-la, vivendo de acordo com a sua natureza, buscando sim o contento, dentro das condições da sua vida.

Carpe diem vira um sinônimo de “aproveitar a vida”. Aproveitar a vida, ao menos no significado que é batidamente dado para o termo, é o que é chamado de “curtir” a vida. O prazer que devemos buscar não se torna então aquele baseado na forma epicurista, e sim, aquela busca feita com hedonismo (a busca da realização egoísta e em coisas materiais e efêmeras, sem profundidade, sempre passageiras).

O proveito na vida se encontra em como utilizar seu tempo, na profundidade que sua vida tem observada sobre como está sendo vivida. Pode até ser meio existencialista isso, mais mesmo que a vida não tenha significado, é natural do ser humano querer a aproveitar, pois existencialmente é tudo o que temos de fato, e devemos aproveitá-la então. A questão é como a aproveitar, e a resposta é uma; remediar e ter sabedoria em como utilizar o seu tempo de vida.

Busca da verdade no método cartesiano

René Descartes desenvolveu em Discurso sobre o Método o que seria uma metodologia que conduz o indivíduo à dúvida, ao instinto refletivo e questionador que leva a busca pela verdade que tem como fim o reconhecimento da mesma. Este é o método cartesiano.

Se divide em quatro princípios, quais seriam as tarefas realizadas durante o processo de conhecer. Seria então a verificação das evidências reais e indubitáveis daquilo que se pretende conhecer, análise e distinção quanto ao grau de complexidade, síntese dos mais simples aos mais difíceis e por fim a enumeração que conclui e revisa esses entendimentos.

Regra da evidência: Mostra que algo para ser aceito como verdade desde que se seja evidente sua clareza e distinção. Seriam estas concluídas pela atividade mental, independente da percepção externa que é marcada pela atividade sensorial. Seria então mantida pela intuição, e devido a isso Descartes propôs uma epistemologia inatista.
Regra da análise: Dividir o sujeito que se conhece “em partes”, estudando melhor assim aquilo que está se aprendendo, compreendendo então “a anatomia” do objeto de aprendizado.
Regra da síntese: Foca os graus de complexidade daquilo que se aprende, visando entende-los em ordem crescente.
Regra da enumeração: Realiza verificações conclusivas e gerais, para assegurar que aquilo que foi estudado foi realmente entendido seguindo sua realidade.

É uma teorização metodológica de como é o processo de estudo das coisas. Se inicia por uma compreensão geral daquilo, que se segue pela amostra de seus detalhes que também requerem serem entendidos. Por fim, o conhecer deve ser concluído, mais antes verificar se a informação foi de fato absorvida devidamente ou cuidados para não se ter omitido algo que não se percebeu antes.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Licença poética na filosofia

Como muitos já devem ter reparado, textos, livros e ensaios filosóficos em muitas coisas possuem trechos e frases representativas.

Essas linguagens figuradas dão certa licença poética para a filosofia, uma forma comparativa e explicativa, servindo principalmente para facilitar o entendimento de teses e idéias importantes que os filósofos passam de seus pensamentos.

Serve também para dar ênfase em certos trechos, se incrementando no significado e interpretação daquilo quando se for levado em sentido literal, interpretativo e refletivo.

Outras figuras de linguagem podem ser introduzidas, que podem de algum jeito pode interferir a interpretação do texto lido primeiramente em sentido literal, o compreendendo gramaticalmente, e em seguida sobre a questão que se trata e o que expõe para quem o lê. Ironias, eufemismos, metáforas, perífrases, alegorias e comparações são alguns exemplos.

Esses recursos, ao mesmo tempo que servem para de algum jeito esclarecer o texto, também pode servir para complicar sua leitura. Seja para fazer o leitor refletir melhor sob uma leitura mais dura ou para de alguma forma propor subjetividade ou até dar ar de graça e humor para o que se lê, mais uma leitura que fica difícil por e para questões de interpretação é comum ter essas finalidades, como também uma forma eufêmica de expressar algum ideal que o filósofo sinta com fervor.

domingo, 14 de agosto de 2011

Os silogismos

Silogismo é um método de argumentação lógica que consiste em interligar fatos e idéias que já estão de alguma forma ligados. Foi desenvolvida originalmente por Aristóteles.

Segundo Kant, silogismo é todo juízo determinado por pensamento mediato, ou seja, a comparação de uma coisa com outra por meio de uma característica intermediária.

Se constitui por premissas, somente duas, e por fim, uma conclusão com uso da observação destas e da lógica, sendo esta a terceira e última premissa. Nas premissas maior e menor, as quais já são propostas, se encontram a solução lógica para se chegar na conclusão, a solução do raciocínio.

É então uma analogia que segue através de duas proposições. A importância disso na filosofia é, por exemplo, em ligar comparações com teses e se chegar numa conclusão objetiva e final através de relacionar suas premissas, que se encaixam como elementos à parte da tese em proposta.

As possibilidades de se combinar cituações para silogismos seguem a lógica dos diagramas de Euler, elaborados pelo matemático suíço Leonhard Euler. Pode ser usado em pares de conceitos, para verificar a validade de um racicínio e o concluir seguindo a lógica. O diagrama de Venn, criado pelo britânico John Venn, também é similar.

Exemplos:
A é B,
B é C,
Logo, A é C

Todo B é D,
Nenhum C é D,
Logo, nenhum C é B

Nenhum D é E,
Alguns D é G,
Então, alguns G são E

Nenhum X é Y,
Nenhum Y é X,
Se conclui que X é diferente de Y

Genealogia legítima e por afinidade

[Postagem dedicada ao Dia dos Pais]

O que é ser pai, mãe, um responsável? Sempre há essa dualidade moral de que “pai/mãe é aquele que educa” com “aquele que põe no mundo”.  Existem duas definições para a experiência de se ter filho, a definição de pai e mãe dada cientificamente e o significado moral.

Cientificamente, pai é o gerador masculino de uma vida, seu progenitor. Ele de alguma forma se relaciona com aquela pessoa que deve gerar e desenvolver essa vida até que ela esteja apta para nascer e então ir tendo seu contato e participação no mundo, esta sendo a mãe, a figura feminina.

Por essa forma podemos dizer que pai é “aquele que te colocou dentro da sua mãe”, e mãe é “aquela que te pôs no mundo”. Até mesmo uma pessoa adotada, órfã ou que por algum motivo não convive com seus pais biológicos, ela sempre reconhecerá essa legitimidade de parentesco, mesmo que ela não goste de seus pais ou vice-versa, é um fato que ambos sabem que nada muda.

Um pai que por exemplo nega a responsabilidade legal e ética de ter contato e afeto com seu filho é uma questão que veremos adiante, com o significado moral para a paternidade e maternidade.

Por serem a continuação de nossa família e fruto de nós mesmos, filhos se tornam uma obra criada pela vida, gerada pelo ser humano. Assim como um escritor que gosta de seus livros ou um pintor que tem afeto pelos seus quadros, o mesmo deve, ao menos moralmente, um pai ou mãe com seu filho. É alguém que deve amar, cuidar e educar seus gerados filhos até que estejam prontos para se defenderem e se virarem com o mundo sozinhos.

A definição social para um responsável pode ser dada mesmo que alguém não seja um pai ou mãe legítimo daquele que cuida como filho ou filha. Mesmo se for adotivo, por criação ou algum outro motivo, esse laço se encontra além do sangue, e sim, na afinidade emocional. Ser pai nesse sentido é uma pessoa do sexo masculino, consanguineo ou não, que exerce funções de pai. A mãe, personagem mulher nesse contexto, a que exerce o papel de mãe, sendo conseguínea ou não de seu filho por afeto. São então o que chamamos de “responsáveis”.

Homem versus Máquina


Desde a Revolução Industrial o progresso tecnológico do ser humano se torna um problema não só para a natureza, mais também para o próprio ser humano.

Socialmente podemos apontar a produção fabril industrial como a causa de uma série de desemprego estrutural que existe na sociedade nos últimos séculos, pois a máquina começou a tomar o lugar de homens nas fábricas, e com o tempo estas pessoas desempregadas criariam um clima de miséria e pobreza se generalizando. O progresso então é apenas para dar mobilidade ao capitalismo, sendo que pessoas passam fome e necessidade por causa disso, perdendo chance de emprego para as máquinas.

O início da industrialização marcou a modernidade, mudando radicalmente o modelo socioeconômico adotado por nós. O conceito de progresso se torna algo radical, alarmante, algo que apenas serve para dar muito poder financeiro para poucos; fazendo que a pobreza e miséria, coisas que sempre fizeram parte da civilização, realçar seu grau de influência e tornarem-se mais preocupantes.

O trabalho é base para que o ser humano conseguida suprir suas necessidades básicas, porém, a existência da maquinofatura revoga esse direito de muitos, os então desempregados. A exploração do homem com o próprio homem sempre ocorreu na existência da divisão de trabalho, resultado da divisão de tarefas desde as primeiras civilizações. A máquina explora a ganância humana de uma forma que para ela é bastante eficiente, visando o lucro e acumulo de capital escondido sob a máscara do benefício.

Ela, a industrialização, faz o homem agir como se a natureza existisse para suprir suas vontades. Embora a natureza e o homem coexistam naturalmente e a mesma possa nos servir para certas coisas, a indústria faz com que o ser humano abuse dessa liberdade, não só a explorando mais também procurando a manipular.

Para o ser humano contemporâneo, o mundo industrial qual criamos cria um cenário cada vez mais podre da condição humana, e esse problema sempre segue rumo ao progresso; a finalidade de corromper a humanidade.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

O encanto e profundidade nas artes

Podemos dividir a arte em duas formas, a erudita e a popular. Suas diferenciações se devem em seu desenvolvimento técnico e capricho artístico como grau de sofisticação ou simplicidade, como também na expressão do belo e mensagens de ideais e sentimentos expressados pelo artista. Essas formas de julgar às artes servem para elas no geral, como a música, a pintura e a dramaturgia por exemplo.

A arte erudita é aquela expressa com muita exigência estética, preocupação maior com ela ser bem elaborada, em despertar o juízo de beleza naquele que admira a obra. Provocar sensações e expressão de emoções e idéias. Visa estar de acordo com os então valores universais da arte, despertar a admiração e expor sua profundidade existente para seus admiradores de uma forma encantadora. São conceituais e procuram ser bem rebuscadas, caprichadas tanto em seu conteúdo como em sua beleza.

A arte popular é uma coisa mais desleixada, ainda sim havendo técnica mais não a necessidade de ser suntuosa, sendo simples de recursos e significados. Sua profundidade é muito explícita, não enigmática e refletiva como na arte erudita. Não é zelosa, sendo prática e mais objetiva, sem se preocupar em detalhes de vão requer tanta admiração e apreciação. É própria de questão cultura e histórica, tomando a forma no folclore e meios de expressão comuns num lugar.

Nosso julgar crítico de arte se baseia em quanto nos simpatizamos com a busca pela profundidade na arte e em contemplação pelo belo na arte. Pessoas de tem gosto mais rebuscado, que para entender e admirar a arte que gostam precisam de um tratamento mais atencioso para as entenderem se afinam com o lado erudito da arte; as que não possuem necessidade de encontrar profundidade implícita ou de normas estéticas muito delimitadas então se afinam com a arte popular.

Ou seja, a arte popular é uma coisa mais abstrata, enquanto a erudita possui forma mais definida, delimitada não por aquilo que é mais popular, e sim pelo esforço em detalhes, harmonia e uma natureza mais profunda e enigmática na arte junto com uma maravilhosa formosura.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Solitária estrada da vida


A solidão é algo que gera repulso nas pessoas, e muitos não a aceitam como parte de sua condição. O ser humano é um ser carente, necessitado de atenção e convivência interpessoal, necessitando de outras pessoas para de alguma forma viver melhor.

Mesmo encontrando um amor com quem fique junto por anos ou tenha sempre aqueles amigos de longa data com quem pode contar ao decorrer de suas vidas, a solidão mostra que sua verdadeira companhia será sempre si mesmo. Nem mesmo nossa família é exceção, pois a vida uma hora separa as pessoas de nós, chegando uma hora que essa separação é definitiva.

Os existencialistas afirmam que a solidão se encontra na essência humana, por estar definitivamente conosco. Nascemos sozinhos, embora venhamos do ventre de nossas mães e auxílio de médicos e parteiros, ou mesmo que nasçamos tendo alguma irmã ou irmão gêmeo. Vivemos ao decorrer de nossas vidas com várias pessoas que podemos agrupar como família, amigos, colegas de sala ou de trabalho, inimigos, companhias e cônjuges; uma hora nos separamos de todos, seja por meio de mudança de cidade e a continuidade da vida (ir para faculdade, formaturas, etc), brigas, desentendimentos, perda de contato ou até mesmo a própria morte.

Morremos sozinhos, e este fato possui uma legitima veracidade. Mesmo que morramos numa matança, num campo de guerra ou num quarto de hospital junto com alguém, o fim de sua vida e utilidade entre os vivos é algo qual você passa sozinho; e o que poderá ou não ser seu rumo após a vida é algo qual você deverá enfrentar e conhecer sozinho, afinal, mesmo se tiver que pagar por alguma coisa ou não, será apenas por conta sua e somente sua.

A vida é como uma viagem na estrada, e embora durante a viagem companhias te acompanhem e desacompanhem uma hora, mesmo que te acompanhem por muito tempo, no fim das contas é só você contra a vida.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

A aposta pela eternidade

Temos nossas concepções sobre a eternidade, seja ela existindo ou não após a morte, a alma ou não existindo, a vida tendo ou não sentido. Cada um faz sua aposta, é como um jogo de roleta, e para todos no final das contas o mesmo número é dado.

É uma aposta em que todos estão apostando, tendo consciência ou não, e embora muitos procurem remediar no que investir com medo do que pode vir, ninguém é exceção.

Há dúvidas sobre o que se esperar para além da vida, se é que tem algo para nos aguardar. Muitos acreditam em investir em alguma coisa por medo da morte ser a extinção da existência ou medo do que pode o aguardar não ser bom, enquanto outros investem em nada por conclusões ou assim como alguns que escolhem no que crer, investem em alguma coisa para não ter que viver com isso.

Blaise Pascal, em sua obra "Pensamentos", escreveu o seguinte:
"Consideremos este ponto e digamos o seguinte; ou Deus existe ou não existe. Mas qual das alternativas devemos escolher? A razão não pode determinar nada. Existe um infinito caos à nos dividir. O ponto extremo desta distância infinita uma moeda está sendo girada e terminará por cair como cara ou coroa; em que você aposta?"

Pascal faz uma analogia de considerações sobre viver de acordo com a existência de deus, a chamada Aposta de Pascal, que segue a seguinte lógica:
•Se você acredita em deus e estiver certo, será eternamente gratificado;
•Se você acredita em deus e estiver errado, não terá perdido nada;
•Se você não acredita em deus e estiver certo, não terá perdido nada;
•Mais se você não acredita em deus e estiver errado, será eternamente punido.

Essas são as probabilidades, ao menos as possíveis se nós interpretarmos que realmente exista um modo correto de viver.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

A ética humana e a divina

"Maioria das pessoas vive na tristeza do mundo desanimado e alegre, pois eles são os que se sentam ao longo da parede e não entram na dança. Os cavaleiros do infinito são bailarinos e possuem elevação. Eles fazem os movimentos para cima e cair de novo, e isso também não é passatempo dizer, nem deselegante de se ver. Mas sempre que eles caem eles não são capazes de uma vez para assumir a postura, eles vacilam um instante, e isso mostra vacilação; afinal eles são estranhos no mundo. Este é mais ou menos claramente evidentes em proporção à arte que possuem, mas mesmo os cavaleiros mais artísticos não podem completamente esconder essa vacilação. Não é preciso olhar para eles quando eles estão no ar, mas só um instante, os que tocam ou tocaram o chão, então se reconhece-los. Mas, para ser capaz de cair de tal forma que o mesmo segundo parece como se estivesse de pé e caminhar, para transformar o salto da vida para uma caminhada, absolutamente para expressar o sublime na pedestres que somente o cavaleiro da fé pode fazer e este é o primeiro e único prodígio." - Søren Kierkegaard (em Temor e Tremor)

Todos sabem que a ética se foca no dever, ou seja, aquilo que deve e não deve ser feito. O filósofo Kierkegaard afirma que a moralidade é criada pelo próprio homem, só que não transcende os valores divinos, ou seja, os mandamentos criados por um deus ou mais seres divinos.

Essa mesma autoridade divina não cria necessariamente a moralidade, pois seus mandamentos estão além da ética. O ser humano então pode estabelecer sua ética, porém, aquele que decide então seguir as normas propostas por deus deve então as seguir também e as priorizar sobre as normas criadas pelo homem.

Kierkegaard ilustra o exemplo bíblico de Abraão, no instante que o mesmo recebe a ordem divina de sacrificar seu filho Isaque, enredo encontrado em Gênesis 22. Abraão é ordenado para sacrificar seu único filho, Isaque; matar o próprio filho já é ao ver das pessoas crueldade, quando esse filho é único, essa unicidade então enfatiza essa maldade. Mesmo tendo que lhe dar com os confrontos de valores morais, sociais e criados pelo homem, ele preferiu seguir aquilo predito por Deus.

Abraão é um exemplar do que Kierkegaard chamou de cavaleiro da fé, uma pessoa cujas formas de se deparar com a vida e si mesmo não se baseiam em princípios já preestabelecidos, mais na fé propriamente dita, o temor incondicional a deus.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Raíz do preconceito

"O preconceito é uma opinião sem julgamento." – Voltaire

Preconceito é um julgamento preconcebido por meio discriminação, ou seja, repulso provocado pela generalização ou desconhecimento do que se discrimina.

Advem de julgar algo como anormal, estranho, e não conseguir aceitar aquilo. Parece ser pejorativo, mais o preconceito é mais comum do que parece, pois é uma convicção sem fundamentos por base esteriótipos e modelos preditos. 

O preconceito é sempre aversivo, e pode chegar à intolerância, como se o fato de algo ser daquela forma fizesse o mesmo ser odiado apenas por existir. Max Weber dizia que uma hostilidade, atitudes negativas e agressivas em relação a um certo grupo pode sim ser preconceito.

É algo sem sentido, ao menos à primeira impressão, enquanto na verdade alguns possuem um passado que remonta o trajeto da cultura e principios sociais. Logo, certos preconceitos chegam à ter base de gerações anteriores.

"Os preconceitos têm mais raízes do que os princípios." – Maquiavel

Se estudados, muitos preconceitos comuns na sociedade possuem história. Exemplos comuns são de grupos que no passado eram discriminados, e que no presente ainda há a mancha desse preconceito, mesmo que apenas na forma de generalização ou de sátira. 

Também pode estar vinculado com o elo que se sobra da moralidade desses tempos, que de alguma forma ainda faz parte de nossos valores, assim também criando uma imagem predita superficial sobre algo ou alguém devido essa característica imoral ou de esteriótipo histórico.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Distinção de moral e legal

Duas instâncias que regulam o comportamento social são estas, a moralidade e a leis. Porém, embora elas tenham de certa forma o mesmo objetivo, elas tem a mesma finalidade por meios diferentes e suas particularidades.

Tanto as normas morais e jurídicas servem para regular as relações sociais e a conduta das pessoas que vivem nela. Ambas possuem bases relacionadas com a cultura e a história, ambas se prendem ao dever e uma coexistência entre aqueles que compõem a sociedade.

Separemos então as normas jurídicas das morais:

• A moral é a conduta social em sentido comportamental, formulando os valores e princípios que se devam adotar e como viver na sociedade. Determina o que é certo ou errado, o que deve, pode ou não ser feito; prezando costumes e tradição moralista.
"A nossa dignidade consiste no pensamento. Procuremos, pois, pensar bem. Nisto reside o princípio da moral." - Pascal

• O direito possui ligação com o Estado, determinando o que um cidadão pode fazer, o que deve fazer por obrigação e o que é proibido. Constitui códigos formais, advertindo o que é legal ou não, dando instabilidade de forma imparcial para as relações sociais.
"A lei é inteligência, e sua função natural é impor o procedimento correto e proibir a má ação." - Cícero

Há um paradoxo de que alguns conceitos morais influenciem as leis e vice-versa, como algumas coisas que a lei, por exemplo, pensa cuidadosamente em legalizar por ser considerava imoral ou por sermos educados a sermos trabalhadores honestos e respeitadores das normas importas como leis pelo poder judiciário.

Mesmo assim, ambas devem ser diferenciadas, pois embora tenham o fim de regulamentar o bem estar social, elas fazem isso por meios e para fins diferentes.