sexta-feira, 5 de agosto de 2011

A ética humana e a divina

"Maioria das pessoas vive na tristeza do mundo desanimado e alegre, pois eles são os que se sentam ao longo da parede e não entram na dança. Os cavaleiros do infinito são bailarinos e possuem elevação. Eles fazem os movimentos para cima e cair de novo, e isso também não é passatempo dizer, nem deselegante de se ver. Mas sempre que eles caem eles não são capazes de uma vez para assumir a postura, eles vacilam um instante, e isso mostra vacilação; afinal eles são estranhos no mundo. Este é mais ou menos claramente evidentes em proporção à arte que possuem, mas mesmo os cavaleiros mais artísticos não podem completamente esconder essa vacilação. Não é preciso olhar para eles quando eles estão no ar, mas só um instante, os que tocam ou tocaram o chão, então se reconhece-los. Mas, para ser capaz de cair de tal forma que o mesmo segundo parece como se estivesse de pé e caminhar, para transformar o salto da vida para uma caminhada, absolutamente para expressar o sublime na pedestres que somente o cavaleiro da fé pode fazer e este é o primeiro e único prodígio." - Søren Kierkegaard (em Temor e Tremor)

Todos sabem que a ética se foca no dever, ou seja, aquilo que deve e não deve ser feito. O filósofo Kierkegaard afirma que a moralidade é criada pelo próprio homem, só que não transcende os valores divinos, ou seja, os mandamentos criados por um deus ou mais seres divinos.

Essa mesma autoridade divina não cria necessariamente a moralidade, pois seus mandamentos estão além da ética. O ser humano então pode estabelecer sua ética, porém, aquele que decide então seguir as normas propostas por deus deve então as seguir também e as priorizar sobre as normas criadas pelo homem.

Kierkegaard ilustra o exemplo bíblico de Abraão, no instante que o mesmo recebe a ordem divina de sacrificar seu filho Isaque, enredo encontrado em Gênesis 22. Abraão é ordenado para sacrificar seu único filho, Isaque; matar o próprio filho já é ao ver das pessoas crueldade, quando esse filho é único, essa unicidade então enfatiza essa maldade. Mesmo tendo que lhe dar com os confrontos de valores morais, sociais e criados pelo homem, ele preferiu seguir aquilo predito por Deus.

Abraão é um exemplar do que Kierkegaard chamou de cavaleiro da fé, uma pessoa cujas formas de se deparar com a vida e si mesmo não se baseiam em princípios já preestabelecidos, mais na fé propriamente dita, o temor incondicional a deus.

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