terça-feira, 6 de setembro de 2011

Diferença de ética e moral

"A consciência é o melhor livro de moral que temos; e é, certamente, o que mais devemos consultar." - Blaise Pascal

Moral e ética são descritos muitas vezes como sinônimos. São de ambas as formas intermédios para remediar o comportamento e distinguir o que pode e deve ser ou não ser feito. A própria origem destas palavras contribui para essa quase semelhança de significado: Ética provém do grego ethikos ("modo de ser", "comportamento", aquilo pertencente ao caráter) e moralitas do latim mos ou mor ("costumes").

Na linguagem popular são quase a mesma coisa, mais a própria origem etimológica, se analisada aprofundadamente, ajuda a diferencia-las.

A moral é aquilo predito coletivamente, estando além de quem vive dela. São os costumes, preceitos, valores e normas em conjunto com o fim de orientar o comportamento humano. Sistemas morais existem desde os primórdios da civilização, sendo que há relatividade na moral devido épocas e lugares diferentes.

Na ética é que o indivíduo busca compreender o que é o certo, o errado, bem e mal, o dever e poder fazer por mediação do pensamento. Acaba sendo o nome do ramo da filosofia que reflete sobre o comportamento humano sem a base da moralidade, e sim do puro refletimento e análise do ser humano. Se objetiva em dar respostas e justificativas para os dois pólos da ética e moral; a dualidade do que é adequado e inadequado.

Mesmo se tendo essa diferença, quase sempre a ética está submetida a moral; pois para aquele que fundamenta a vida seguindo a ética e não a moralidade, reformular em si os valores que foi educado para ser convicto é em princípio um choque muito grande. Há então relatividade entre certo e errado e até do que é bem e mal, se é não há quem questione se os mesmos existam. Essa falta de verdade absoluta entre as diretrizes do fazer acabam ao menos aparentemente com que não haja uma distinção verídica de bem e mal.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

A prisão da sociedade disciplinar

"A ordem é ao mesmo tempo aquilo que se oferece nas coisas como sua lei interior,a rede secreta segundo a qual elas se olham de algum modo umas às outras e aquilo que só existe através do crivo de um olhar, de uma atenção, de uma linguagem..." - Michel Foucault

O filósofo Jeremy Bentham idealizou o que seria uma cadeia metafórica, o que chamou de panópctico. Para entender o que é o panóptico, imagine uma penitenciária com um vigilante observando todos os prisioneiros sem que estes saibam que estão sendo observados.

Na torre central haveria um vigilante observando cela por cela, expostas pelos lados internos e externos sem terem sombras para que nelas fiquem tudo claro de se ver.

O indivíduo teria consciência do seu cárcere, e esse reconhecimento de ser vigiado seria um meio de medir seus atos mesmo que não consiga enxergar seu observador. Dessa estrutura arquitetônica podemos concluir que o panópctico fortaleceria uma regente disciplina sobre a vida do indivíduo, o intimidando a ser um “prisioneiro” com bom comportamento. Essa intimidação está ligada muito com a força física, para evitar que se cometa um delito ou se pratique qualquer mal.

Michel Foucault também teorizou socialmente o que seria um panóptico. Seria uma prisão onde o indivíduo socialmente deveria ser "normalizado", onde seria um prisioneiro da sociedade e estar de acordo com seus conformes. O individuo então, na condição de prisioneiro, ele fica incluso no sistema de estar de acordo com as leis, as normas e não transgredir a “normalidade”.

domingo, 4 de setembro de 2011

Albert Camus

Vida
Albert Camus nasceu em 7 de novembro de 1913 em Mondovi, na Argélia e morreu em 4 de janeiro de 1960 em Villeblevin, na França. É considerado um dos grandes filósofos contemporâneos e também foi um existencialista, título que ele mesmo negava ser. Sua filosofia se resume na firmação da ausência de sentido da existência. Além de filósofo também foi dramaturgo.

Em 1914, com apenas um ano de idade, o pai de Camus morre na Primeira Guerra Mundial, o que dificultou sua família mais adiante, pois sua mãe teve que trabalhar duramente para sustentar a família.

Então sua família se mudou para Argel, morando no bairro popular Belcourt. Viveu sobre as condições de vida que futuramente marcariam suas obras. Ele mesmo descreveu que sua felicidade estava ligada com a natureza. A miséria foi a sua escola da vida, professora de sua visão sobre a vida humana. Morava com sua mãe, irmão mais velho, avó e seu tio parcialmente surdo.

Ele estudava, coisa que sua família a princípio não via com bons olhos, pois havia necessidade da renda de seu trabalho para ajudar em casa. Seu tio era tanoeiro, e mesmo Camus gostando do ambiente da oficina dele, ele se dividia entre a miséria e ajudar a família contra a decisão de não contribuir para ter um futuro mais promissor.

Sua mãe trabalhava lavando roupa para fora, a fim de ajudar no sustento da casa. Durante o segundo grau, ele quase abandonou os estudos devido aos problemas financeiros da família. Foi neste ponto que dois professores foram fundamentais para que o filósofo para que o futuro grande filósofo seguisse com os estudos, Jean Grenier e Louis Germain, seus dois professores que foram mais tarde agradecidos em sua obra. Em “O Homem Revoltado” de 1951, Camus agradece a Grenier, e em “Discursos da Suécia" agradece Germain.

Acabou futuramente seguindo futuro em filosofia na Universidade da Argélia, fazendo sua tese de doutorado sobre Santo Agostinho. Também adentrou no Partido do Povo da Argélia e se licenciou com uma tese sobre Plotino.
Se casa com Simone Hie em 1934 e ingressa no Partido Comunista francês no mesmo ano. Ele e Simone se divorciam no ano seguinte, se casando novamente em 1940 Francine Faune, se casando novamente. Com Francine teve um casal de gêmeos, Catherine e Jean.

Em 1930 contrai tuberculose, o que o faz afastar de suas atividades cotidianas, como nos esportes, pois era goleiro e gostava muito de futebol. Assumiu o cargo de professor no mesmo ano.
Essa doença o deu a dimensão da morte aparecer a qualquer instante em seu cotidiano, o que virou uma ferramenta para a construção de sua filosofia.

Foi recusado a se alistar no exército francês devido seu péssimo estado de saúdo. Então, durante a Segunda Guerra, Camus fazia parte da Resistência Francesa na ocupação alemã daquele país. Foi nessa mesma época que conheceu Jean-Paul Sartre, outro filósofo existencialista, que se tornaram grandes amigos, principalmente pós-guerra. Em 1942, Camus publicou duas obras, que seriam consideradas suas maiores contribuições para a filosofia, sendo elas "O Mito de Sísifo" e "O Estrangeiro".

Em 1946 vai aos Estados Unidos, realizando palestras de caráter existencialista para estudantes de Nova York. Publicou "A Peste" um ano depois, aludindo sua visão de vida com base na ocupação nazista na França e da condição humana.

Seu amor pelo futebol o fez viajar para o Brasil em 1949.

Teve uma recaída da tuberculose entre 1949 a 1951. Publicou em 1951 "O Homem Revoltado", onde faz uma análise da revolta do ser humano contra a própria natureza, e rejeitando também o comunismo. Essa idéia foi perturbadora para o meio intelectual francês, que estava fortemente comprometido com o marxismo, provocando futuramente a ruptura com Sartre.

Recebeu o Prêmio Nobel de Literatura em 1957 por sua produção literária que foi considerada lúcida e sincera acerca dos problemas humanos de seu tempo.

Três anos depois, em 1960, Albert Camus vem à falecer. Morreu num acidente de carro no dia 4 de janeiro daquele ano.

Pensamento
A filosofia de Camus é um reflexo da angústia de seu tempo, se resumindo no conceito de que não há sentido na existência, e o homem se mostra insatisfeito com isto e sua vida passa a ser uma procura de significado para sua vida. Esse conceito se traduz no absurdo. O pensamento de Camus é espelho das questões que começam a aparecer para dúvidas que sempre seguiram o ser humano, seguindo às tendências que mostram uma falta de perspectiva na vida.

A revolta seria a descoberta da forma perecível e frágil com qual se encontra sua vida. É alguém que mesmo vendo a falta de sentido na vida, a vive por encontrar na vida momentos de felicidade e contentação, qual motivam a pessoa a viver mesmo tendo que enfrentar o absurdo. A esperança seria essa arma contra o absurdo, qual o filósofo aconselha que sempre se deva ter.

Como para ele a vida não tem significado, ele conclui que muitas pessoas procuram dar sentido para ele não aceitando a realidade ou conseguem conviver com uma falta de profundidade na vida. A outra alternativa seria o suicídio, que para Camus não é algo vantajoso, mais é a opção daqueles que não querem ter que lhe dar com a frustração de viver.

A concecpção de deus para Camus é de uma divindade cruel e caprichosa, palavras por ele mesmo usadas. Ele recusa a idéia de um deus arbitrário em suas decisões, descartando a razão de deus por questões morais. Ele não intervém no problema do mal, sendo deste problema que surge o silêncio de deus. Se ele permite tudo, ele é responsável por tudo, logo, o mal é culpa dele.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Música com um sentido filosófico

"A música não exprime nunca o fenômeno, mas unicamente a essência íntima de todo o fenômeno, numa palavra a própria vontade. Portanto não exprime uma alegria especial ou definida, certas tristezas, certa dor, o medo, os transportes, o prazer, a serenidade do espírito; exprime-lhes a essência abstrata e a geral, fora de qualquer motivo ou circunstância. E todavia nessa quinta essência abstrata, sabemos compreendê-la perfeitamente." - Schopenhauer

A música é uma arte, uma forma de expressão através dos sons. É a bela forma artística que envolve uso do som e também um pouco de silencia para se gerar harmonia. A música nos trás calma, agitação, lembranças, expectativas, nos movimenta. Nietzsche mesmo dizia que "sem música, a vida seria um erro".

Embora a música tenha características individuais e muito detalhadas de acordo com época e lugar, e mesmo assim ela se torna bela, pois os músicos possuem o dom da sensibilidade musical; de compor belos acordes e fazer assim harmonias que despertem alguma sensação naqueles que apreciam tal música.

Tanto o canto como a parte instrumental podem compor uma música, principalmente a segunda, qual é nada mais proveniente de usar os sons que algo pode produzir para os dar ritmo e produzir algo agradável de se escutar.

A música é uma arte bela, precisa (pois a afinação é algo até mesmo intuitivo, “perfeito”) e diversa, havendo vários modos de se expressar pela música, desde os gêneros mais antigos até os mais modernos. Gosto na música, assim como em quase tudo, é relativo, mais capricho se torna questão de talento.

A música é uma arte de dá movimento para as coisas, dá vida e expressão para o que não as tem. Mesmo quando não compreendemos o que ela quer dizer, o que importa é o significado profundo que ela nos desperta. A origem idiomática e o contexto da música são questões secundárias quanto o que sua harmonia desperta em quem não apenas a escuta, mais também, a sente.

domingo, 28 de agosto de 2011

Divisão da consciência

A psicologia divide o nosso aparelho psíquico. Embora o termo “aparelho psíquico” seja usado por Freud, podemos dizer que no outro lado da moeda, Jung, também possui um modelo da “anatomia” do psicológico.

Em psicanálise, que segue os princípios freudianos, dividindo nossa consciência em id, ego e superego; que seria nosso lado instintivo primitivo, a instância potencialmente consciente e nosso controle regido por normas exteriores a nós. Deu importância para as experiências no passado do indivíduo, principalmente traumas e problemas não superados da infância, como a relação que as crianças acabam tendo seus progenitores do sexo oposto por meio o Complexo de Édipo.

A psicologia analítica, que tem base jungiana, também possui seus fundamentos. Divide nossa consciência em:
Persona: Função psíquica voltada ao mundo externo, a relação do individuo com tudo aquilo exterior a ele.
Sizígia: Princípio de alteridade em nossa consciência, a imagem do sexo oposto contida na consciência de uma pessoa. Existem duas formas de sizígia; a anima (imagem da mulher presente na psique masculina) e animus (imagem do homem contida na psique feminina).
Sombra: Nossos impulsos, instintos primitivos e “animalescos” do ser humano; o nosso elo com nossos antepassados de tempos até mesmo imemoriáveis, contida na sombra então nossos desejos, vontades e o lado selvagem do ser humano.
Self: É o “si mesmo”, sendo esta o centro da personalidade. Integra e equilibra todo nosso inconsciente; seria então a consciência de “si mesmo”.

Os valores da psicologia jungiana trata de imagens primordiais contidas na mente humana, esses modelos sendo os arquétipos, que constituem os pensamentos e sentimentos mais gerais e profundos da humanidade. Um arquétipo por exemplo não nos dá a nossa noção do que é nosso pai ou nossa mãe, e sim, a noção de pai e mãe. O comportamento humano então se basearia num caráter impessoal, diferente do pensamento freudiano.

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

A negação do prazer

Se analisarmos, a ética começou a surgir quando o ser humano teve necessidade de se censurar para viver em sociedade como a conhecemos. A repressão de seus instintos então se torna necessário para manter a civilidade humana.

Sigmund Freud dizia que a história social do ser humano é a história de sua repressão, do combate aos instintos e prazeres hedônicos em troca do trabalho e sacrifícios estabelecidos por valores construídos por normas coletivas. O ser humano então troca o princípio do prazer pelo princípio da realidade, qual sem ele não seria possível viver em sociedade.

O princípio do prazer faz parte do id, aquele que faz a pessoa buscar aquilo que a traga satisfação própria sem se restringir com normas sociais, fazendo o mesmo a qualquer custo. Já o princípio da realidade está vinculado ao superego, que contrabalança as vontades pessoais e necessidades imediatas do indivíduo, por ter consciência da realidade externa e as condições nela presentes.

O filósofo e sociólogo alemão Herbert Marcuse concorda a princípio com Freud. Porém, ele discorda de que essa renúncia ao prazer ao favor da civilidade seja da condição humana, firmando que estas imposições são frutos de uma organização histórico-social particular e não um conflito conatural do ser humano.