Os animais, assim como nós, são seres vivos. Chamá-los de "irracionais" é sinal da prepotência humana, pois os animais também sentem, pensam e possuem instintos. Eles só não são possuidores de uma visão mais ampla e uma primitiva e simples concepção de mundo e coisas.
Nós, seres humanos, também somos animais, entretanto, nos excluimos muito desse meio qual pertencemos (em alguns pontos até podemos nos particularizar, noutros não).
Somos animais complicados, por causa do privilégio da racionalidade. A racionalidade nos beneficia de termos um melhor desenvolvimento para sobreviver, cuidar das coisas e até mesmo de conhecermos onde vivemos. Infelizmente também há o lado negro da racionalidade, pois começa à existir a noção do que fazer, acabando tendo que haver o certo e errado, e isso torna o ser humano um animal complexo.
"O homem é o único animal que precisa trabalhar." - Immanuel Kant
Os animais não são maus, diferente dos seres humanos. Nem todo ser humano é mau, mas também não dotamos do privilégio da inexistência de bem e mal como os animais possuem. Eles não são maus, apenas não precisam de uma necessidade de distinguí-los, pois vivem com base nos seus instintos e suas vidas não lhes cobram uma necessidade de haver ética.
Vivem de acordo com o que a natureza prepara para eles, e mesmo o mundo animal sendo muitas vezes selvagem e perigoso, há uma bela harmonia natural qual o homem perdeu em seus primórdios.
Sustento para eles tem como fim a subsistência, coisa qual nossa forma de vida infelizmente não nos faz mais precisarmos. O homem, conforme o progresso [tecnológico e intelectual, o único que a humanidade sempre teve de fato!], destrói a natureza e se torna mais escravo de sua "prisão" originária desse julgado privilégio de racionalidade que temos. Os animais vivem dentro daquilo que é necessário para eles, virtude que não temos, pois vivemos dentro do que nos passam como necessário e valorizando mais o luxo do que o essencial.
Não somos muito diferentes deles, esta é a verdade. Animal vê prazer na felicidade, também sente medo, dor, apego.
"A vida é tão preciosa para uma criatura muda quanto é para o homem. Assim como ele busca a felicidade e teme a dor, assim como ele quer viver e não morrer, todas as outras criaturas anseiam o mesmo." - Dalai Lama
O filósofo e jurista inglês Jeremy Bentham disse uma vez que "Não importa se os animais são incapazes ou não de pensar. O que importa é que são capazes de sofrer.". Não possuem a vontade de refletir, analisar e pensar sobre (sendo por isso considerados irracionais), porém, são seres emocionais.
O homem é bom e mal por causa da dualidade entre nossas pulsões e o conhecimento. Os animais são apenas bons, pois vivem dentro do que a natureza preparou para eles [Ou podemos dizer também que não existe para eles a distinção de bem e mal, pois não precisam de uma.]
Arthur Schopenhauer argumenta que os animais têm a mesma essência que os humanos, a despeito da falta da razão.
O ser humano é um animal, e muitas vezes sua soberba o faz se sentir mais do que realmente é. A única coisa que nos destaca dos animais é a razão, que é uma coisa dicotômica, pois é boa e ruim ao mesmo tempo.
Voltaire uma vez escreveu:
"Que ingenuidade, que pobreza de espírito, dizer que os animais são máquinas privadas de conhecimento e sentimento, que procedem sempre da mesma maneira, que nada aprendem, nada aperfeiçoam! Será porque falo que julgas que tenho sentimento, memória, ideias? Pois bem, calo-me. Vês-me entrar em casa aflito, procurar um papel com inquietude, abrir a escrivaninha, onde me lembra tê-lo guardado, encontrá-lo, lê-lo com alegria. Percebes que experimentei os sentimentos de aflição e prazer, que tenho memória e conhecimento.Vê com os mesmos olhos esse cão que perdeu o amo e procura-o por toda parte com ganidos dolorosos, entra em casa agitado, inquieto, desce e sobe e vai de aposento em aposento e enfim encontra no gabinete o ente amado, a quem manifesta sua alegria pela ternura dos ladridos, com saltos e carícias. Bárbaros agarram esse cão, que tão prodigiosamente vence o homem em amizade, pregam-no em cima de uma mesa e dissecam-no vivo para mostrarem-te suas veias mesentéricas. Descobres nele todos os mesmos órgãos de sentimentos de que te gabas. Responde-me maquinista, teria a natureza entrosado nesse animal todos os órgãos do sentimento sem objectivo algum? Terá nervos para ser insensível? Não inquines à natureza tão impertinente contradição."
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