sábado, 23 de julho de 2011

A essência arché

A busca pela arché é um dos pontos principais da filosofia pré-socrática, que seria a compreensão do que é e qual é a substância primordial ou principio substancial das coisas, com sabe na razão filosófica e não por justificativa do mito.

Se dividiam entre os monistas e pluralistas, os que não separavam daqueles que separavam a identidade material e etérea das coisas. Porém, todos eram convictos de que todas as coisas de alguma forma mudam, e muitos buscavam a essência das coisas que permitiria esta mobilidade.

Buscavam entender a essência de todas as coisas, o que compõe tudo na natureza e a justificar filosoficamente. As respostas para a arché variam entre os pré-socráticos:

Tales: A Água
A água é o princípio de todas as coisas.

Para Tales de Mileto, todas as coisas eram formadas pela água, que para ele era o princípio de todas as coisas. Apesar de permanecer a mesma, a água modifica seu estado físico (sólido, líquido ou gasoso). Por ser o princípio vital das coisas, tudo seria por ela animado, fluindo assim uma essência etérea para todas as coisas. A água é fundamental para a vida, logo, seria a matéria-prima que tudo constitui.

Tales não sabia, mais 65% do corpo humano é feito de água, sem dizer que ela é fundamental para a manutenção da existência de vida. Sabia que as águas possuem fluxo, uma corrente, assim como a essência material e espiritual das coisas fluem.

Anaximandro: O Ápeiron
O ilimitado é imortal e indissolúvel.

Anaximandro de Mileto não acreditava que uma única substância visível era a essência de tudo material, pois até os elementos determinados e antagônicos seriam então feitos de uma mesma coisa. Essa coisa por sua vez é indeterminada, neutra, a ápeiron.

A ápeiron gera os opostos, é eterna e infinita. Matéria e até seu oposto, antimatéria, seriam formados por uma coisa em comum, uma substância indiferente.

Anaxímenes: O Ar
Como a nossa alma, que é ar, soberanamente nos mantém unidos, assim também todo o cosmo sopro e ar o mantêm.

Anaxímenes de Mileto discordava das teses de seus dois mestre, Tales e Anaximandro, porém, buscou basear a sua tese de matéria-prima em uma síntese entre ambas. O ar seria um elemento mais sutil do que a água, inobservável, mais que sustenta a vida, a respiração sendo testemunha disto. Por rarefação ou condensação se formariam todas as coisas existentes.

Pitágoras: Os Números
O princípio das matemáticas é o princípio de todas as coisas.

Pitágoras de Samos encontrou a resposta para a arché nos números, na matemática. Observou a harmonia nos acordes musicais e notou correspondências aritméticas. Supôs então que tudo na natureza possui proporções que obedecem à matemática. As relações entre quantidades definiriam as propriedades da matéria.

Pode se interpretar a visão de arché de Pitágoras como referência para as proporções que a natureza obedece, como medidas, quantidades, entre outras coisas; ou também para as quantidades dos princípios que variam entre as moléculas, que predetermina as diversas formas e espécies de matéria.

Heráclito: O Fogo
Este mundo, que é o mesmo para todos, nenhum dos deuses ou dos homens o fez; mas foi sempre, é e será um fogo eternamente vivo, que se acende com medida e se apaga com medida.

O fogo é um elemento que dá forma, deforma, cria e destrói ao mesmo tempo; muda as coisas, se encaixando perfeitamente com a filosofia de Heráclito de Éfeso, que dizia que todas as coisas sempre mudam, nada permanece como é. Por essa justificativa, o fogo seria para esse filósofo a essência das coisas, por ser a força geradora da perpétua mudança das coisas.

Xenófanes: A Terra
Tudo sai da terra e tudo volta à terra.

O filósofo Xenófanes de Cólofon defendia que tudo vinha da terra. Todas as coisas vêm da terra e para ela retornam. Vivemos nela, somos enterrados nela quando morremos, as plantas vivem presas a ela, etc.

Seguindo a lógica de Xenófanes, todas as mudanças das coisas são provenientes da terra. Como por exemplo a cadeia alimentar que começa basicamente nas plantas e animais menores, que vivem e saem da terra, e que vai seguindo até os predadores no topo dessa cadeia, que retornam à terra, que ocorre com a morte e deterioração do corpo.

Parmênides: O Ser
O ser é.

Parmênides de Eléia considerava contraditório buscar a essência de tudo naquilo que não possui permanência, como considerou que faziam os outros filósofos. Propôs que a essência está naquilo que permanece, que poderia se converter numa impermanente. O fundamento das coisas seria então aquilo permanente, o que sempre foi, é sempre será; a permanência do que chamou de ser, aquilo que existe é fundamentado pela sua constância.

O ser é a instabilidade de uma coisa, inalterável, a qualidade de imutável que para Parmênides é o ser, a sua arché. O não-ser, ou devir, é a mudança, qual aquilo que muda deixa de ser o que era.

Anaxágoras: As Homeomerias
Todas as coisas estavam juntas, ilimitadas em número e pequenez, pois o pequeno era ilimitado.

As homeomerias seriam como sementes que são a matéria-prima constituinte de tudo existente no mundo. Elas são únicas, e possuem as básicas informações que formam as diversas coisas existentes, como se em cada tipo de matéria tivesse em sua essência um pouco da descrição das outras. Anaxágoras de Clazomena considerava que o que dava formas as diversas matérias seria o resultado da qualidade e combinação das homeomerias.

Para compreender melhor o que seriam as homeomerias, tome como exemplo as células de nosso corpo. Noa informação genética de cada célula do nosso corpo não existe só as informações específicas da parte que ela se integra, e sim, de todas as outras em geral também.

Empédocles: Os Quatro Elementos
"Quatro raízes de todas as coisas: fogo, ar, água e terra."

Empédocles de Agrigento possui o que foi uma revolucionária explicação de arché, pois teve sucesso em conciliar o imobilismo de Parmênides e o mobilismo de Heráclito. Estudou sobre o que os outros filósofos pensavam, concluindo que existem quatro elementos primordiais: Água, terra, fogo e ar. As relações que esses elementos teriam entre si e suas variações derivariam na diversidade da matéria, se resumindo nos princípios de amor e ódio entre elas, respectivamente união e separação.

A  teoria de Empédocles perdurou por séculos, qual muitas e muitas gerações foram convictas de que tudo no mundo se constitui de quatro elementos. Essa teoria só caiu com os químicos dos últimos séculos, que consideravam essa explicação muito simplista e também por estudarem melhor os elementos da química.

Demócrito: O Átomo
Tudo é formado por átomos.

Em conjunto com Leucipo, Demócrito de Abdera teorizou os átomos, que seriam divisões da matéria até o ponto em que ela se tornasse indivisível. Seriam como pedaços de um corpo, objeto, matéria em geral; que vai se dividindo em pequenos pedaços, que diminuem e diminuem até não poderem mais serem partidos, se tornando indivisíveis. Estes pedaços indivisíveis seriam a matéria-prima que forma todo no universo.

Demócrito estava certo, mais a ciência demorou mais de dois mil anos para provar que ele e Leucipo estavam corretos. Entretanto, os átomos não são indivisíveis como eles pensavam que eram; na verdade, são divisíveis, compostos de particulas menores do que eles (prótons, elétrons e neutrons).

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